31 de dezembro de 2007

Sem Norte

Numa fase da vida em que nos deparamos com tantos caminhos para o futuro, a maior dificuldade está em escolher um deles, que deixa para trás tantas outras ramificações. Aliás, é impossível prever o que nos fará mais felizes e tomar uma decisão com a certeza de que não nos arrependeremos.
O que faz, então, alguém como eu, que nesta altura se defronta com tantos rumos à sua frente e tem tão pouco tempo e paz de espírito para escolher entre isto e aquilo, sendo que tantas opções me fariam feliz e, ao mesmo tempo, 99% delas parecem estar condenadas ao fracasso?
Não é fácil ser corajosa, confiante, persistente e firme nas minhas aspirações quando tudo à nossa volta - não só no país como também na Europa e no Mundo - parece desmoronar-se… os valores, as ideologias, a esperança numa sociedade justa e igual. Parece cliché e forçadamente dramático dizer isto. Mas é o que penso e afecta-me.
No meu caso (não sei se acontece com outras pessoas da minha idade), todos os problemas existentes, que nem vale a pena enumerar mais uma vez porque apenas torna tudo mais deprimente, deixam-me primeiro revoltada. Depois, apercebo-me de que vou ser mais uma cidadã neste planeta desgastado pelos nossos felizes e inconscientes antepassados. Fico desmotivada face à falta de oportunidades, à impossibilidade crescente de vencer por “jogo limpo” e sem esmagar ninguém pelo caminho, à incapacidade de tornar tudo à nossa volta melhor e de lutar contra certas atitudes tão enraizadas que já são banais.
Enquanto começo a ter uma opinião formada em certos assuntos, também tomo consciência da realidade nua e crua dos tempos que correm. Para além disto, parece que há certas coisas que quanto a mim já não podem ser mudadas por estarem tão protegidas pelo mais “poderosos”, e o conformismo ainda maior nos mais velhos é evidente…
Em cada bifurcação que surge, por vezes pareço estar segura da escolha que faço, mas interiormente - e sobretudo passado algum tempo - arrependo-me de algumas coisas que deixei para trás, e que porventura nunca poderei recuperar. Pergunto-me se aquilo que escolhi tem algum futuro, e se eu própria tenho capacidade e persistência para singrar num oceano em que todos dão a entender que só me posso afogar.
Esta é apenas uma parte dos problemas que parecem bloquear-me e entorpecer os meus movimentos. Também entre mim e o mundo parece existir uma barreira invisível, que eu própria criei, e que me impede de viver plenamente, de cumprir todos os meus objectivos, de fazer tudo por mim própria.
Mas isso é outra história, para outra altura.
Neste último dia do ano de 2007, decidi expôr neste sítio, como poderia ter sido noutro qualquer, alguns pensamentos que de vez em quando me ocorrem. Por vezes, só pela escrita me entendo com o mundo estranho em que me encontro...
Só espero que estes pensamentos não sejam levados demasiado a sério!

Beijo