29 de maio de 2008

Somebody worth writing for...

E ela ali ficou, destinada a si mesma, aos seus próprios defeitos e aos de mais ninguém, sem um fim à vista em função de alguém.

Sorri, convive, brinca. Tudo parece fácil, quando os amigos nos protegem daquilo que tememos.

Mas um simples olhar, para ela, é multiplicado por mil, e por vezes tem muito menos significado, é muito menos profundo do que ela vê. Porquê? Ela nunca soubera responder a isso, nunca entendera a razão para tal ansiedade face a um simples e efémero olhar.

Enfim, os seus olhos vêem, por vezes, o que não devem, ou até o que não existe. Olhos complicados, estes. Ela sente coisas que os outros não transmitem, sentimentos inexistentes.
Para ela é tão crucial saber o que os outros pensam e sentem, que acaba por se perder nas suas especulações. Ela já não sabe o que é ou não real, sem saber avaliar as suas acções, sem saber se a atitude de alguém foi resultado do seu próprio comportamento, sem perceber quem erro.

Qualquer coisa entre o cérebro e a alma se desliga, uma ligação entre pensamentos e acções é quebrada, e por vezes uns não coincidem com os outros, numa incoerência de ser.

Esta imperfeição já não tem graça, porque existem imperfeições deliciosas, mas ela precisa de outras para além das dela. Se é que alguma vez foi fácil conviver com a pessoa non-sense que nela habita, agora pouco de si ainda faz sentido.


God, bring me somebody complicated, besides me...

Give me something or somebody worth writing for xD

17 de maio de 2008

Sonho de um amanhã

Tudo isto é sufoco, e esta vida uma areia movediça da qual só me posso libertar agora. Pouco falta para poder rasgar o cenário deste teatro do ridículo e soltar-me da minha personagem da cordialidade, do “fingir-que-está-tudo-óptimo”. Afinal todo o enredo é absurdo, e a minha existência neste espaço já não tem sentido.

Não pertenço aqui, e talvez nunca tenha pertencido, talvez os momentos em que me senti parte integrante deste local foram apenas fruto da minha ingénua imaginação. Partilho com outras pessoas o nervosismo pela revolução que se vai dar nas nossas vidas, mas também a felicidade de ver, cada vez mais próximo, o fim das falsidades ridículas, dos conflitos fúteis, da infantilidade cruel de tantos a quem falo por obrigação.

Suspiro, sonhadoramente, com o pensamento sempre presente de que o final de tudo isto está perto. Este sentimento entranha-se no meu peito cansado - cansado do aqui e do agora. Só ele me tem mantido de queixo levantado, só ele me dá esperança e força para estes últimos tempos em que tenho de guardar muitas verdades duras e difíceis de ignorar.

Do presente já nada me atrai, do passado já vi que pouca coisa faz sentido. Preciso, sim, de um amanhã sem conhecidos forçados ou mesquinhices que finjo não ouvir; um amanhã em que me depare com o desconhecido fantástico e com a honestidade de quem nada precisa de esconder.

4 de maio de 2008

take this broken wings and learn to fly

espero que me leves daqui, relógio da vida, para que outros lugares preencham o vazio da monotonia de viver nesta gaiola.
leva-me daqui, tu que passas tão assustadoramente rápido, para que pelo menos outras caras passem a ser conhecidas, para que o meu espaço se alargue a uma liberdade de movimentos e de ser que nunca antes tive.

corre, se é o que tens a fazer, desde que daqui me leves para onde a rotina não existe, para onde a variedade de rostos e almas me deixe respirar e conhecer outros eus.

arrasta-me, ao teu ritmo vertiginoso, para onde não me julguem pelo que sou, para onde me aceitem mesmo que não vista ou seja do mais in do momento.

não páres, se esse é o teu papel, e assim terei coragem para enfrentar novos mundos e pessoas, esquecendo aquelas que nunca deveriam ter passado pela minha vida. Outras virão, certamente melhores que essas desilusões destruidoras da minha antiga ingenuidade e inocência feliz.

se o teu papel é de facto removeres de mim a inocência, então fá-lo de uma vez, porque de nada me serve se estou rodeada de maldade e conflitos e falsos amigos.

leva-me, porque quero deixar este local que já me cansa, as pessoas que já não me interessam e nada têm de novo ou de bom para dar - salvo raras excepções, pois sei quem me marcou e marcará para onde quer que vá.

se o que tens para dar são tempestades, se só me trarás intempéries, então que seja... porque é assim que dou o melhor de mim, é assim que poderei acreditar finalmente no que sou e no que posso vir a ser.

se de facto não voltas atrás, nem a tua velocidade abranda, deixa-te fluir. Envolve-me nos teus ventos de mudança, porque esses são sempre bons: com eles virá gente diferente e menos previsível, novas experiências e mais oportunidades de ser eu mesma.


Eu própria empurrarei as tuas engrenagens, se só com mudança posso ser feliz!