16 de abril de 2008

Só mais um dia mau


Deixa-me ser assim, sem querer o palpável, sem ansiar pelo físico.
Não quero a dor da realidade, não quero descobrir mais maldade no mundo. Só quero ficar aqui, dentro desta bolha que me protege do frio de me magoarem e que me permite sonhar ininterruptamente. Deixa-me ficar aqui, porque não quero mais conflitos, mais dor, mais nada.

Deixa-me desejar o platónico, o que não é alcançável - mesmo que o seja não quero maçar-me a tentar. Às vezes, tentar dói muito, sentir baralha-me demais. Quero parar para pensar, quero sonhar com um “se”, e não confrontar-me com os factos. Deixa-me apreciar a protecção que me resta de uma batalha que vou ter comigo mesma, para o resto da minha vida.

Por uma vez, quero descansar dos desgostos do quotidiano, quero hibernar e sonhar com absurdos que nunca se concretizarão. Pouco me resta do que havia de utópico em mim, por isso deixa-me aproveitá-lo. Quero ficar aqui, só mais um pouco, no meu mundo de impossíveis felicidades e falsas eternidades.

Não, não quero absorver mais emoções contraditórias, não quero esse ridículo «stress cosmopolita», só quero sentir que posso ser o que eu quiser, onde quiser, sem contagem do tempo, sem minutos nem horas. Quero despojar-me de toda o negativismo diário, de tudo o que sem querer me é transmitido pelos outros e apenas me inquieta e atormenta.

Nada no real me atrai: só de vez em quando as minhas gargalhadas são genuínas. Tudo é forçado, todos são calculistas, desiludo-me com a imperfeição dos outros, mas sobretudo com a minha. Por isso não quero expectativas irrisórias, esperanças em vão – oh, estou tão farta de ter esperança em vão. Só quero é desejar o que não pode vir a ser, vivendo num «mundo- holograma» em que eu escrevo o argumento.

Deixa que eu me agarre a quem me quero agarrar, sem medos nem a amarga frieza pelo que já vivi no passado.
E se o passado se apagasse de mim, levando com ele todos os meus medos?
E se o receio do futuro e do próprio presente me abandonasse, sem que eu desse conta, numa destas manhãs, ao acordar?
Ahhh... chega de “ses”. É só mais um dia mau.



(If I'd only knew)

Days were slipping past

That the good things would never last

That you were crying

(...)

When your world's crashing down

And you can't bear the thought

I said baby you're not lost


Lost

descansar de mim

divagações de quem teme um futuro sombrio,
medo de ser e de sentir, medo de não sentir o suficiente, medo de recear por temer o que não deveria ser assustador,
contradições de quem pensa demais e muito pouco consegue transmitir,
lamentações de quem muito chora por dentro ainda que use o riso como disfarce,
devaneios sobre tudo e nada,

...como se tudo fosse pensável, como se tudo merecesse a minha atenção e cuidado... que se lixem todos estes pensamentos inúteis!

às vezes fico simplesmente farta de levar a vida desta forma tão séria...
só sinto o pesar dos meus pensamentos e preocupações sobre os meus ombros...
e só peço a esta consciência (ou o que lhe quiserem chamar) que me dê algum descanso, apenas uns momentos de paz comigo mesma e com o que sou...


13 de Abril

1 de abril de 2008

these silly automatic feelings


Inundando a minha mente de águas passadas e reminiscências de utopias

afogando-me em sonhos absurdos e imagens mentais inverosímeis

instalando em mim o entusiasmo por existires, pelo teu simples olhar e fugaz presença

abalando os meus alicerces teatrais de segurança fingida e altivez estudada

fazendo tremer o meu corpo e alterando a minha voz até ao ridículo da histeria

provocando este atrofio e confusão hormonal de sensações efémeras e infundadas

causando um turbilhão de sinestesia e paixão sem razão, por alguém que nem bem conheço mas que nunca me foi indiferente... porquê ??