30 de setembro de 2008

finding (n)everland?

na procura de uma felicidade que nunca tive, ou que já se encontra tão distante no tempo que se dissipou da minha memória, mantenho a esperança de, nesta nova fase, encontrar a satisfação e as pessoas certas.

farta de futilidades, falsidades e conflitos, cansada de desilusões, sentimentos inúteis e decepções com aqueles de quem mais gosto, apenas me agarro à bondade dos que ficam, à simpatia de quem encontro, às novas caras e conversas que iluminam novamente os meus dias.

e porque tudo isto tem sido um palco de desilusões mas também de esperanças, sigo assim, um pouco à deriva, um tanto ou quanto ao sabor do vento, esperando que à inconsciência e insensibilidade de alguns se sobreponha a beleza de espírito de outros que conhecerei...

7 de setembro de 2008

Get real... or die trying

Algo tem de mudar, ou alguém tem de mudar, pois o mundo não mudará por mim nem por ninguém.
O facto é que as pessoas nos desiludem, e mesmo que queiramos gritar-lhes que fizeram merda, mesmo que queiramos fazê-las abrir os olhos de uma vez por todas, por vezes já não vale a pena lutar por que mudem.
Já desisti de aguentar os erros contínuos de quem não aprende, de quem persiste na procura da perfeição sem dar valor ao que tem de real. Quem não abraça o que a vida lhe oferece não merece nada disso.
Quem trata as pessoas como objectos e meios para um fim que o próprio desconhece, sem sequer assumir o que faz, não merece um pingo de preocupação, de paciência, de amizade.
Se tu não mudas, nem lutas por uma amizade pela qual eu já fiz demasiado e me esforcei em vão, então também eu desisto. Desisto de viver na ilusão de que encares a realidade e assumas...
o que és
e o que fazes.

2 de setembro de 2008

liberation

como é bom estar longe - ainda que esta distância já não seja física, mas agora emocional - daquilo ou de quem nos consome, nos tira a vontade de estar com os outros e de viver a vida para além disso.
e como me sinto bem sendo livre, despreocupada e independente de pensamentos e pessoas que já não merecem o esforço da minha mente... a leveza de saber que tu já não me fazes tanta falta (porque para ti nunca fui verdadeiramente importante) é uma brisa que não quero deixar de sentir, por dentro e por fora de mim.
quanto ao futuro de nada sei, no entanto tenho a certeza de como me sinto agora, segura de mim, do que quero, de quem não quero - pelo menos neste momento.

24 de agosto de 2008

Sometimes you have to walk away

prefiro não estar aqui, porque é bem mais doloroso saber que estás perto de mim e ainda assim não conseguir alcançar-te, fazer com que me ouças e percebas o que estou a sentir. e mesmo que eu não saiba sequer o que sinto ou deixo de sentir, gostava de o expressar, de te dizer que estou confusa, que não ultrapassei o que deveria ter sido encarado com leveza.

graças a quem for, não estarei aqui por agora, e estes pensamentos inúteis possivelmente não me deixarão tão em baixo, tão mais confusa do que se não pensasse... depois de poucos dias de descanso e alguma paz, espero estar mais segura do que sinto, mais certa do que farei ou não para resolver este impasse.

22 de agosto de 2008

rollercoaster

O teu silêncio, a minha angústia e incerteza.
A tua inércia, a minha irritação e tormento.
A tua insensibilidade, a minha dor.
A tua incapacidade de assumir, a minha incapacidade de o entender.
A tua infantilidade, a minha impaciência.
A tua ausência, o meu desconforto permanente.

E talvez nem a tua presença me dê paz…
Talvez ela nunca tenha sido sinónimo de paz para mim...
E só agora acordo para essa realidade que sempre quis negar.


«Set me free,
Leave me be,
I don't want to fall another moment into your gravity...»

13 de julho de 2008

stop this train


"stop this train", I thought, just as it appears in John Mayer's melancholic song. But this thought was not due to a trouble about the time passing by...

no, this sentence crossed my mind because in that train there was an unreachable, impossible desire that had been asleep for three days. As that third day ended, he was there, right there in front of me. And once again, my body had no ability at all to move.

Was this a cruel destiny's trick? Or maybe a gift from destiny itself, that I didn't have the guts to take?

8 de julho de 2008

Anjo no céu

Numa deambulação por esta Terra, levanto a cabeça e fecho os olhos, porque um anjo subiu aos céus. Pois se és um anjo, deve ser aí que pertences… tem de ser esse o lugar onde encontrarás o caminho da felicidade, a estrada do descanso eterno. Uma dura luta foi travada, e agora apenas restam aqui cinzas… cinzas do que foi, restos de um passado nem sempre feliz.

Acredito plenamente na tua felicidade “aí”, onde quer que estejas. Cada qual acredita no que quiser, e eu acredito numa coisa: vale a pena teres aqui estado, pelo que me ensinaste, mesmo sem querer, e pelo que nos deste em tempos. O que nos tiraste? Talvez uma parte de nós, um pedaço vital do nosso ser, uma gentil brisa que só tu poderias ter sido em vida.

E o ar que nos resta tem de ser suficiente, e as imagens do que eras em menino e adolescente têm de se sobrepor à dor. Nunca esquecerei as memórias de quando víamos o Rei Leão, eu ainda pequena, tu já uma promessa de grande futuro, rindo a bandeiras despregadas da dupla mais imprevisivelmente perfeita e deliciosa dos filmes da Disney. Há tantos anos atrás, comigo, conseguias ser sempre um miúdo nestas brincadeiras… e são essas alturas que me ficam, sinceramente, porque o resto, nos últimos anos, não eras tu, mas sim aquela coisa horrível que tomou conta de ti.

O que eras tu, não é tão fácil de explicar. Eras e sempre serás algo maior do que eu alguma vez poderei ser, alguém tão mais risonho, extrovertido e amável que não consigo compreender. É também isso que quero aprender contigo, para cravar estas imagens no meu ser e ter-te como guia durante a minha vida, como uma luz insistente que nunca deixarei de seguir.

10 de junho de 2008

how to lose your mind in 18 years

O sufoco toma o meu corpo e de repente apercebo-me…
Vejo-me à deriva, em águas lentas e mortíferas - e nunca procurei chegar a terra… agora percebo de que nada fiz para me salvar da negatividade que tanto me atraiu.

Ah, que areias movediças foram estas para onde me atirei de bom grado?, e agora só desejo que alguém me salve da estupidez de vida em que me enfiei…
Como pude deixar-me levar sempre pelo que os outros querem, como pude ignorar sempre as minhas necessidades apenas para me proteger de um monstro inexistente? E agora, que faço quando já nenhuma possibilidade luta me resta, quando parece que o ciclo da felicidade se fechou para mim há muito tempo?
De que me servem os meus sonhos se esta cabeça desregulada não me deixa cumpri-los? Serão uma espécie de objecto de tortura, alguma brincadeira sádica da minha própria mente? Se assim é, seria preferível nem sonhar, para que o fosso entre o desejo e a dura realidade não fosse tão cruel…

29 de maio de 2008

Somebody worth writing for...

E ela ali ficou, destinada a si mesma, aos seus próprios defeitos e aos de mais ninguém, sem um fim à vista em função de alguém.

Sorri, convive, brinca. Tudo parece fácil, quando os amigos nos protegem daquilo que tememos.

Mas um simples olhar, para ela, é multiplicado por mil, e por vezes tem muito menos significado, é muito menos profundo do que ela vê. Porquê? Ela nunca soubera responder a isso, nunca entendera a razão para tal ansiedade face a um simples e efémero olhar.

Enfim, os seus olhos vêem, por vezes, o que não devem, ou até o que não existe. Olhos complicados, estes. Ela sente coisas que os outros não transmitem, sentimentos inexistentes.
Para ela é tão crucial saber o que os outros pensam e sentem, que acaba por se perder nas suas especulações. Ela já não sabe o que é ou não real, sem saber avaliar as suas acções, sem saber se a atitude de alguém foi resultado do seu próprio comportamento, sem perceber quem erro.

Qualquer coisa entre o cérebro e a alma se desliga, uma ligação entre pensamentos e acções é quebrada, e por vezes uns não coincidem com os outros, numa incoerência de ser.

Esta imperfeição já não tem graça, porque existem imperfeições deliciosas, mas ela precisa de outras para além das dela. Se é que alguma vez foi fácil conviver com a pessoa non-sense que nela habita, agora pouco de si ainda faz sentido.


God, bring me somebody complicated, besides me...

Give me something or somebody worth writing for xD

17 de maio de 2008

Sonho de um amanhã

Tudo isto é sufoco, e esta vida uma areia movediça da qual só me posso libertar agora. Pouco falta para poder rasgar o cenário deste teatro do ridículo e soltar-me da minha personagem da cordialidade, do “fingir-que-está-tudo-óptimo”. Afinal todo o enredo é absurdo, e a minha existência neste espaço já não tem sentido.

Não pertenço aqui, e talvez nunca tenha pertencido, talvez os momentos em que me senti parte integrante deste local foram apenas fruto da minha ingénua imaginação. Partilho com outras pessoas o nervosismo pela revolução que se vai dar nas nossas vidas, mas também a felicidade de ver, cada vez mais próximo, o fim das falsidades ridículas, dos conflitos fúteis, da infantilidade cruel de tantos a quem falo por obrigação.

Suspiro, sonhadoramente, com o pensamento sempre presente de que o final de tudo isto está perto. Este sentimento entranha-se no meu peito cansado - cansado do aqui e do agora. Só ele me tem mantido de queixo levantado, só ele me dá esperança e força para estes últimos tempos em que tenho de guardar muitas verdades duras e difíceis de ignorar.

Do presente já nada me atrai, do passado já vi que pouca coisa faz sentido. Preciso, sim, de um amanhã sem conhecidos forçados ou mesquinhices que finjo não ouvir; um amanhã em que me depare com o desconhecido fantástico e com a honestidade de quem nada precisa de esconder.

4 de maio de 2008

take this broken wings and learn to fly

espero que me leves daqui, relógio da vida, para que outros lugares preencham o vazio da monotonia de viver nesta gaiola.
leva-me daqui, tu que passas tão assustadoramente rápido, para que pelo menos outras caras passem a ser conhecidas, para que o meu espaço se alargue a uma liberdade de movimentos e de ser que nunca antes tive.

corre, se é o que tens a fazer, desde que daqui me leves para onde a rotina não existe, para onde a variedade de rostos e almas me deixe respirar e conhecer outros eus.

arrasta-me, ao teu ritmo vertiginoso, para onde não me julguem pelo que sou, para onde me aceitem mesmo que não vista ou seja do mais in do momento.

não páres, se esse é o teu papel, e assim terei coragem para enfrentar novos mundos e pessoas, esquecendo aquelas que nunca deveriam ter passado pela minha vida. Outras virão, certamente melhores que essas desilusões destruidoras da minha antiga ingenuidade e inocência feliz.

se o teu papel é de facto removeres de mim a inocência, então fá-lo de uma vez, porque de nada me serve se estou rodeada de maldade e conflitos e falsos amigos.

leva-me, porque quero deixar este local que já me cansa, as pessoas que já não me interessam e nada têm de novo ou de bom para dar - salvo raras excepções, pois sei quem me marcou e marcará para onde quer que vá.

se o que tens para dar são tempestades, se só me trarás intempéries, então que seja... porque é assim que dou o melhor de mim, é assim que poderei acreditar finalmente no que sou e no que posso vir a ser.

se de facto não voltas atrás, nem a tua velocidade abranda, deixa-te fluir. Envolve-me nos teus ventos de mudança, porque esses são sempre bons: com eles virá gente diferente e menos previsível, novas experiências e mais oportunidades de ser eu mesma.


Eu própria empurrarei as tuas engrenagens, se só com mudança posso ser feliz!

16 de abril de 2008

Só mais um dia mau


Deixa-me ser assim, sem querer o palpável, sem ansiar pelo físico.
Não quero a dor da realidade, não quero descobrir mais maldade no mundo. Só quero ficar aqui, dentro desta bolha que me protege do frio de me magoarem e que me permite sonhar ininterruptamente. Deixa-me ficar aqui, porque não quero mais conflitos, mais dor, mais nada.

Deixa-me desejar o platónico, o que não é alcançável - mesmo que o seja não quero maçar-me a tentar. Às vezes, tentar dói muito, sentir baralha-me demais. Quero parar para pensar, quero sonhar com um “se”, e não confrontar-me com os factos. Deixa-me apreciar a protecção que me resta de uma batalha que vou ter comigo mesma, para o resto da minha vida.

Por uma vez, quero descansar dos desgostos do quotidiano, quero hibernar e sonhar com absurdos que nunca se concretizarão. Pouco me resta do que havia de utópico em mim, por isso deixa-me aproveitá-lo. Quero ficar aqui, só mais um pouco, no meu mundo de impossíveis felicidades e falsas eternidades.

Não, não quero absorver mais emoções contraditórias, não quero esse ridículo «stress cosmopolita», só quero sentir que posso ser o que eu quiser, onde quiser, sem contagem do tempo, sem minutos nem horas. Quero despojar-me de toda o negativismo diário, de tudo o que sem querer me é transmitido pelos outros e apenas me inquieta e atormenta.

Nada no real me atrai: só de vez em quando as minhas gargalhadas são genuínas. Tudo é forçado, todos são calculistas, desiludo-me com a imperfeição dos outros, mas sobretudo com a minha. Por isso não quero expectativas irrisórias, esperanças em vão – oh, estou tão farta de ter esperança em vão. Só quero é desejar o que não pode vir a ser, vivendo num «mundo- holograma» em que eu escrevo o argumento.

Deixa que eu me agarre a quem me quero agarrar, sem medos nem a amarga frieza pelo que já vivi no passado.
E se o passado se apagasse de mim, levando com ele todos os meus medos?
E se o receio do futuro e do próprio presente me abandonasse, sem que eu desse conta, numa destas manhãs, ao acordar?
Ahhh... chega de “ses”. É só mais um dia mau.



(If I'd only knew)

Days were slipping past

That the good things would never last

That you were crying

(...)

When your world's crashing down

And you can't bear the thought

I said baby you're not lost


Lost

descansar de mim

divagações de quem teme um futuro sombrio,
medo de ser e de sentir, medo de não sentir o suficiente, medo de recear por temer o que não deveria ser assustador,
contradições de quem pensa demais e muito pouco consegue transmitir,
lamentações de quem muito chora por dentro ainda que use o riso como disfarce,
devaneios sobre tudo e nada,

...como se tudo fosse pensável, como se tudo merecesse a minha atenção e cuidado... que se lixem todos estes pensamentos inúteis!

às vezes fico simplesmente farta de levar a vida desta forma tão séria...
só sinto o pesar dos meus pensamentos e preocupações sobre os meus ombros...
e só peço a esta consciência (ou o que lhe quiserem chamar) que me dê algum descanso, apenas uns momentos de paz comigo mesma e com o que sou...


13 de Abril

1 de abril de 2008

these silly automatic feelings


Inundando a minha mente de águas passadas e reminiscências de utopias

afogando-me em sonhos absurdos e imagens mentais inverosímeis

instalando em mim o entusiasmo por existires, pelo teu simples olhar e fugaz presença

abalando os meus alicerces teatrais de segurança fingida e altivez estudada

fazendo tremer o meu corpo e alterando a minha voz até ao ridículo da histeria

provocando este atrofio e confusão hormonal de sensações efémeras e infundadas

causando um turbilhão de sinestesia e paixão sem razão, por alguém que nem bem conheço mas que nunca me foi indiferente... porquê ??

31 de março de 2008

De ti serei livre (?)

A ti, monstro que habita o meu ser, te temo.
A ti, coisa estranha e muitas vezes incompreensível, te desprezo.
De ti, fonte de tormento e dor, nada quero e nada espero a não ser que te vás.
De ti, antro de frustações e raiva reprimida, sonho livrar-me em breve e gritar ao céu e à terra quem sou.

Por existires, ser indesejado e absolutamente descartável, tenho medo de mim mesma e dos outros.
Em ti penso, porque o teu acordar é a minha agonia, e a tua vida, o que consome a minha.

De ti, e das amarras com que me prendes e isolas do mundo, espero libertar-me e por isso luto, dia após dia.
A tua mostruosidade, que se coloca diante de mim como um muro entre o meu espírito e os outros, será qualquer dia a simples memória de um pesadelo.

Sem ti encontrarei, com toda a certeza, a felicidade de conseguir amar-me, e de expressar o que sou, na totalidade, a quem amo.

22 de março de 2008

Gritos mudos

Penso e torno a pensar.
Não consigo, ainda assim, encontrar razões para este estado em que me encontro.
A tristeza e a solidão não cessam, e não sei porquê.
A chuva miúda e a escuridão do céu são apenas o que vejo com clareza, materializando o que sinto. Eu, eu só queria o sol.
Não quero a chuva que se dissolve na minha mente atormentada, não quero o vento que corrói o meu corpo com o tédio dos dias, não quero a escuridão que se abate sobre mim pela ausência daqueles de quem preciso.
Grito por dentro, esperando estupidamente que alguém ouça o que estou a sentir. Nada é o que tenho, o que me dão, o que eu posso dar. E nunca quis tudo.
Quero apenas saber que alguém está lá quando os dias são sombrios, que alguém me afaste da tempestade no meu interior. E não obtenho resposta.
Não me ouvem, não sentem que estou aqui, inerte, à espera de algo que me distraia de mim.

17 de março de 2008

¿ Eu ?




nas alturas de conversa e interacção, sou uma.

nas horas solitárias de pensamentos inquietos e absurdos, sou outra.

ambas se conhecem, ambas convivem no mesmo corpo que parece não representar nenhuma das duas convenientemente. esse corpo está lá por estar, por mera obrigação biológica.
quanto a elas, procuram entender-se, tentam um equilíbrio ideal entre uma e outra que nunca é perfeito nem lógico. tanto uma como outra lutam por mostrar o que de melhor têm. uma e outra procuram esconder e abafar o seu lado negativo, no caso de uma; ou mais obscuro, no caso de outra.

por vezes, mais almas interferem nesta relação porque, como um dia concluí de uma conversa com uma amiga, parece que todos somos constituídos por várias pessoas que co-habitam num só corpo. e se duas já levantam problemas de cooperação e existência mútua, que havemos de fazer quando outros se erguem do inconsciente para interferir no pensamento e no ser?
o facto é que esse ser é influenciado por tantos factores, situações e pessoas que por vezes age como se fosse alguém totalmente exterior a si mesmo. quem não teve já atitudes que não consegue explicar, que não são "suas" mas de outra pessoa, de alguém estranho ao nosso suposto "eu"? por vezes até queremos, de facto, ser uma pessoa diferente, agindo propositadamente conforme aquilo que aspiramos a ser. mas será que vale a pena?

uma coisa é certa: por vezes, é inevitável o confronto com outros "eus" que não sabíamos existirem ou que estavam há muito adormecidos. é que esses "eus", um tremendo incómodo à nossa tranquilidade e sendo por vezes incontroláveis, existem — em nós. se desaparecerem, será com o tempo, naturalmente, dissipando-se na alma que cresce e se desenvolve.

eu, na consciência de ser muitos dentro de mim, apenas sou eu se eles existirem, se eles não forem ignorados ou desprezados — apesar de por vezes não gostar de nenhum, ou de querer ser o melhor de todos eles.

12 de março de 2008

Assim sou...


Agora, posso mudar o rumo da minha vida, e só eu tenho o poder decidir pela minha própria felicidade.
Agora, devo dizer o que quero, fazer tudo por uma existência mais completa.
Agora, eu, por mim, não devo esperar que os problemas se resolvam por si mesmos ou sejam os outros a tomar a iniciativa.

Lentamente, num caminho que antes não tinha coragem de seguir, é isso que tenho feito. O caminho que levava teria certamente como fim uma solidão angustiante.

E assim, os meus pés levam-me agora a outros locais, de luz, de honestidade para comigo. Faço-o por mim, sobretudo, porque a consciência do ridículo de ser como era me levou a agir, a decidir ser feliz...

ser feliz... com o que sou, e não com o que seria ideal -- para quê ficar presa a um ideal, a uma utopia inatingível de perfeição do ser?

Assim sou, e mudo apenas aquilo que me prejudica e apenas me atrapalha nesta caminhada. A metamorfose, decorrendo por necessidade e obrigação, é dolorosa, com alguns tropeções. As metas que surgem vão sendo cada vez mais difíceis de conquistar.


Passada esta meta, senti-me como nunca antes. É indescritível a sensação de ter feito algo que anteriormente me atormentaria ao ponto de me esconder num casulo só meu. Isto, tão insignificante à superfície, foi para mim um progresso em direcção a um sonho de estar tranquila comigo mesma, esse sonho que temia nunca superar.


Por isso foi tão fantástico senti-lo.
Por isso estou um pouco mais feliz com esta estranha pessoa que me calhou ser.
Assim sou.

10 de março de 2008

pequenez


Ainda tenho o céu. Ainda tenho esse refúgio, essa libertação, essa beleza intocável -- mesmo para os mais poderosos homens.
Ainda tenho o mar. Esse, já um tanto ou quanto danificado por mãos humanas, resiste ainda, belo, altivo e infinito aos meus olhos.
E sim, por vezes apenas me basta saber que os tenho, que os posso contemplar e guardar para mim na memória ou numa fotografia. Tenho ainda, ao vê-los, uma hipótese de fuga a tudo o que é maldade, ambição, obsessão, a todas as falhas humanas.
O céu e o mar nada têm disto, porque nada disso é necessário. Nenhuma destas coisas é benéfica, pelo menos para mim e para outros que (ainda) não se alimentam e vivem destes males, destas coisas pequenas e insignificantemente humanas.
E por isso refugio-me, encontro-me, completa e mortal, no céu e no mar. Mesmo sem os tocar, apercebo-me e aprecio a minha própria pequenez, a Nossa pequenez de alma, que de nada vale face às forças da Natureza.

7 de março de 2008

Estilhaço do que fomos


Resta, no chão, apenas um estilhaço daquilo que fomos.


Segundo aqueles que me rodeiam, devo aproveitar esse ínfimo pedaço de um todo quebrado. Eu própria o sei: devo lutar pelo que resta de nós, e já decidi fazê-lo.

(Quando?)


Independentemente das consequências do que farei, já nada tenho a perder. Tudo o que me resta é agarrar-me a esse fragmento de uma relação sufocada.


(Como?)


Quanto a esse estilhaço, por diminuto que seja, é para mim suficiente. Antes, nada era suficiente, e a presença corpórea era uma obsessão; agora, ela é insignificante, e apenas a compreensão mútua me permitirá lembrar com carinho o que fomos. Recuso-me a lembrar algo tão inesquecível com mágoa, tristeza, inquietação!


Não sei quando, como, com que coragem vou expressar por palavras o que tenho sentido, porque raramente o faço. Aliás, nunca o faço, se as nódoas negras que me deixam são profundas. No entanto, a facilidade que tenho de escondê-las dos outros é incomparável à dor da sua impregnação na minha pele, no meu ser.


E por isso vou obrigar-me -- de que maneira não sei, nem sei com que força -- a falar disto, a expressá-lo.



(Sim, sei que existimos. Algures, ainda existimos...)

1 de março de 2008

Hey, stranger : )


A minha vida reduzia-se a um círculo restrito, a um local limitado pela geografia e pela minha própria personalidade. A rotina era aceitável, e quem fazia parte dela dava-me o conforto da previsibilidade: com eles eu saía, eu passava horas sem fazer nada de especial, eu era feliz, nesse Presente. Sentia-me bem, numa pele que quase, quase era a minha.

De vez em quando, nas alturas em que nem eu nem tu estávamos embrenhadas no nosso quotidiano estável, quebrávamos essa rotina estando só nós duas, no nosso mundo. Quando assim era, eu sabia que estava na minha pele. O que eu dizia tinha importância, o que eu fazia não seria de forma nenhuma julgado ou ignorado. Naquele mundo, apercebíamo-nos de que só nós tínhamos aquela linguagem, aquelas piadas, aquelas confissões. E isso era tudo o que precisávamos.

Tu eras (és?), provavelmente, aquela que melhor compreendia o meu ser, aquela que falava comigo como se eu não tivesse defeitos, como se eu não fosse a pessoa complicada e estranha que realmente sou. Para mim, eras sem dúvida - e ainda o és, porque o que és não é mutável - a pessoa mais carinhosa, mais compreensiva, mais generosa que tive oportunidade de conhecer.

E, apesar da tua imensa generosidade, do teu contante abdicar de ti pelos outros que eu tanto admiro, de vez em quando também te ias mesmo abaixo. Nessas alturas, eu não sabia de ti - como não sei agora -, mas a tua ausência nunca foi completa. Sempre te senti comigo, como neste momento sinto, e quando voltavas a tua presença em corpo era reconfortante, era saber que ti eu ainda existia e que, para mim, ainda eras mais que uma memória inesquecível.

Aqui estou, numa dessas alturas em que não sei de ti, se estás bem ou mal, se precisas de mim ou nem por isso. Mantêm-me presa a ti as memórias de todos os momentos inesquecíveis, indescritíveis que passámos juntas, e aquilo que me escreveste há umas semanas: com isso, senti um novo ânimo, ganhei segurança com as tuas palavras, o aconchego de saber que ainda aí estás.

Mas como estás, realmente, amiga?
Espero que me ouças a esta distância que nunca nos separou.
Espero que saibas que sinto a tua falta.
E que te adoro.

28 de fevereiro de 2008



Uma simples guitarra pode ter poderes incríveis...

...Apenas uma guitarra pode unir aqueles que por variados motivos não se entendiam. Sejam quais forem as razões do desentendimento, as notas dedilhadas e acordes infinitos apagam todas as diferenças, enquanto as vozes se encaixam - para além de tudo o resto que se encaixa e se liga entre nós.

A harmonia que se forma é mais interior do que exterior, porque se descobrem gostos comuns, aproximam-se os sentimentos e combinam-se os desejos como as melodias que são cantadas e tocadas.

Muitos dos melhores momentos da minha vida foram acompanhados por este objecto que entusiasma quem toca e quem canta, provoca lágrimas nos que se esforçam por se fazer ouvir mas também nos que simplesmente se emocionam a escutar. Muitas das memórias mais bonitas que tenho são fruto do som de uma guitarra e dos sentimentos que ela transmitiu na altura.

Se uma guitarra se alia a quem a toca de tal forma que se torna uma terapia, então se mais pessoas se juntam provoca tal emoção que é difícil de explicar por palavras. Por mais que o passado possa doer, ou por muitos motivos que existam para guardar rancor, nesse momento tudo isso se desvanece.

Porquê?
Não sei...
Mas a guitarra arranca gargalhadas e cria olhares cúmplices, sorrisos e lágrimas.
A guitarra provoca gestos íntimos e cria amizades, tudo isto como poucos momentos o conseguem.

Qualquer que seja a razão, este objecto pode marcar directa ou indirectamente, quem toca ou quem ouve, para a vida.

27 de fevereiro de 2008







« All I can do is be me.
Whoever that is. »
Bob Dylan









Muitos lutam por mascarar aquilo que são. Talvez nenhum de nós seja totalmente genuíno e autêntico, pois somos o resultado de uma interminável soma de factores e cada vez mais somos forçados a pertencer ou acreditar em algo mais amplo que nós.

Enquanto uns não conseguem evitar ser quem são, outros de tudo fazem para ocultar precisamente aquilo que faz deles seres únicos. Incluídos nestas categorias ou em nenhuma delas, encontram-se outros, cuja procura inacabada de si mesmos não permite sequer que entendam o seu próprio eu.

Desta procura, fazem parte as contradições de não se saber ainda quem se é em que se acredita. Experimentamos e erramos, mentimos a nós próprios e, a pouco e pouco, descobrimos "a nossa verdade". A partir daí, aceitar ou não essa verdade depende da relação que temos com ela, do sentimento que nutrimos por nós próprios.

Não podemos ignorar de onde vimos, independentemente de onde iremos. E fingir o que não somos? Até é possível, mas não sem sofrermos porque cada atitude que tomamos tem de ser infinitamente calculada e estudada. Quem consegue ser assim durante muito tempo?

Talvez não seja assim tão importante definirmos a nossa forma de ser. Será realmente relevante que coloquemos uma etiqueta na testa com uma qualidade ou defeito, uma idelogia ou grupo em que supostamente estamos incluídos? E se, ao assumir uma variedade de características que possuímos, nos indentificarmos com pessoas das mais variadas origens?
E se quisermos rotular-nos simplesmente com a palavra "EU", porque é ela que nos distingue de todos os outros e sintetiza toda a nossa essência?
Se é com esse eu que teremos de conviver durante uma vida inteira, porque não fazer de nós o melhor que pudermos?

20 de fevereiro de 2008

Hit the road.



Ela caminha sem destino, sem qualquer noção do ponto de chegada.
O único ponto de referência? - Apenas a dor aguda de saber o que já não tem.
Caminha, sem saber onde está ou como foi ali parar.


Há um tempo atrás, ficaria parada, imóvel, aterrada. Sem ninguém que a acompanhasse, ninguém que a compreendesse, de que valia andar sem rumo? De que serviria continuar a andar, se dar um simples passo era tão doloroso?


Com o passar dos dias, os seus sentidos despertaram, até que a luz de saber quem era iluminou aquela estrada.
E descobriu a delícia de caminhar, somente caminhar.


Todos os deambulantes desconhecidos que encontrasse, daí em diante, seriam bem-vindos a acompanhá-la. Porque não aceitar a mão mágica do destino, que a presenteava com estas amizades súbitas?


Inevitavelmente, alguns dias eram mais sombrios do que outros, e a dor daquelas ausências nunca cessou. Ainda persiste, viva na sua memória e marcada no caminho que ela percorre.
No entanto, os espaços vazios têm sido, a pouco e pouco, preenchidos com novas vidas, que são agora a resistência das suas pernas e o fôlego dos seus pulmões.
E à medida que caminham - ela e os que vão chegando e ficando -, vão experimentando o prazer de andar lado a lado, recordando o que já foi e o que poderá vir a ser.

14 de fevereiro de 2008

O mundo gira à minha volta e eu páro no tempo, tentando guardar comigo todas as gargalhadas, rostos, todas as pessoas que não quero que sejam efémeras, pelo menos na minha memória. Já o aceitei: os tempos mudam, as pessoas também. E eu mudo porque tudo muda, necessariamente, espontaneamente.
Sem ressentimentos, recordo, e prossigo neste filme em que as personagens se transformam, em que os protagonistas não permanecem, em que até mesmo os cenários se alteram. Deixei de querer parar naquela cena de que nunca me esquecerei. Deixei de estar agarrada ao botão pause. A história deste filme está apenas no início, e de nada vale pensar se o final será feliz ou não.
Agora, procuro absorver cada cena, cada diálogo, cada pormenor visual com o máximo de atenção, registando-os na minha mente, aproveitando a delícia de cada momento. As personagens, mesmo que actuem apenas por breves momentos, serão sempre importantes, sempre recordadas pela importância que tiveram nesta história. Quanto aos protagonistas, esses são os que fazem deste filme um clássico, participando nesta história com todo o seu amor, amizade e estabilidade.
Qual é a história que não tem mudanças, altos e baixos, momentos de alegrias, desgostos, encontros e perdas? Seja o final feliz, trágico ou até algo entre ambos, são estes momentos de emoções fortes que dão sabor à história. São eles que forçam cada personagem a adaptar-se às circunstâncias e a aprender a ser felizes, novamente, sem medos.
Mais uma cena. Respiro fundo, e play...

6 de fevereiro de 2008

O fim de (mais) um ciclo?


Dantes, tudo era garantido. tudo seria, de certeza, eterno.


aprendi, depois, que nada era seguro, que em pouco tempo, muito poderia mudar. tornou-se assustador pensar que tanto se renova nuns meros meses: amizades, amores, sentimentos que queremos eternizar. planeamos o futuro como quem cegamente acredita nesses sentimentos, e depois... o vazio, o sentir-me perdida, o recomeçar de novo.

mas acabei por aceitar isto como algo natural, apesar de doloroso. afinal, todas as pessoas que foram e vieram me marcaram, e mesmo que agora não as considere como amigos, reconheço o quão foram importantes naquela altura, "naquele tempo". provavelmente, hoje nem faria sentido que fossem relevantes na minha vida.

rendo-me, então, a um ciclo: no início, experimento a felicidade de quem inocentemente acredita na palavra SEMPRE, gravo na memória todas as horas mágicas de um sentir efémero. no fim, revolto-me, porque a revolta de saber que acabou é inevitável. e a revolta tranforma-se em força, mais cedo ou mais tarde.


ergo a cabeça porque, como alguém me disse uma vez, se levantarmos a cabeça é meio caminho andado para que outros olhem para nós e possam entrar na nossa vida, no fundo, para que um novo ciclo se inicie. ironicamente, quem me disse isto é, agora, praticamente uma estranha para mim, mas guardo esta pessoa com tanto carinho que nenhum rancor persiste, nenhuma mágoa sobrevive. e seria inútil guardar tais sentimentos, porque o que aprendi com ela foi demasiado para me deixar levar por mágoas absurdas.


enfim, cada vez mais me adapto àqueles que vêm e aprendo a recordar com amizade os que já se foram. e aos que sinto irem-se embora aos poucos como o inverno suavemente se retira para a primavera, apenas posso esperar que me recordem com um sorriso nos lábios. porque de mim, só terão um sorriso para receber. mesmo se se der o fim... mesmo quando se der o fim.

1 de fevereiro de 2008

Não quero ser «demais»...

Procuro.

Procuro um sentimento que me complete, uma felicidade que perdure e não apenas um riso fugaz.
Perco-me pelo caminho. Encontros e desencontros, desilusões e arrependimentos.

Uma e outra vez, preciso de sentir-me segura de que não estou a mais, de que é com eles que quero estar, de que eles se sentem bem comigo. Não preciso que mo digam. Apenas quero ser parte integrante de uma amizade sem segredos, sem o mau-estar de ser tratada como um anexo, como alguém inútil nas conversas mais profundas, nos temas e preocupações mais importantes.

Não quero ser demais.
Não quero ser a-que-só-serve-para-de-vez-em-quando, mas acima de tudo não gosto de estar com quem não confia em mim para desabafar, com quem segreda entre si como se eu não estivesse presente... Como é desagradável ter de fingir que não se está lá!

Por isso tento, e tento outra vez, ser completa se não estiver com eles, conseguir estar sem eles, estando com aqueles que estão mesmo lá e a quem, porventura, há uns tempos não dei valor.
E, apesar de por vezes me ir abaixo, apesar de serem inevitáveis alguns tempos de solidão, os momentos que passo com uns e outros, amigos temporários ou eternos, têm sido tão bons que só posso estar feliz com esta mudança que impus a mim mesma.

Mudar é preciso, corrigir o que sabemos que está errado há muito tempo mas que implica decisões que, na verdade, não queremos tomar. Mas quando sabemos que é o melhor para nós... apercebemo-nos, com o tempo, de que ficamos mais fortes, completos, felizes.


[não vou obrigá-los a ter-me sempre com eles, porque os adoro. non-sense? ...]

25 de janeiro de 2008

I am Sam

Ontem vi o filme I am Sam na aula de Psicologia.

Na verdade, ainda não vimos o filme até ao fim, mas não posso deixar de escrever sobre ele porque me tocou imenso (apesar de ter sido a segunda vez que o vi, a minha memória de filmes e livros é um desastre!) e porque as interpretações de Sean Penn e Dakota Fanning, entre outros, são fantásticas.

É uma história, no mínimo, comovente, que se passa ao som do grupo musical preferido de Sam (Sean Penn), The Beatles. A sua filha não se chama Lucy por acaso. Aliás, o seu nome é Lucy Diamond - tal como «Lucy in the Sky with Diamonds».

Sinceramente, não tenho a intenção de contar a história. O filme fala por si.

Aqui estão duas das minhas passagens preferidas:



Lucy: Daddy, did God made for you to be like this or was it an accident?

Sam: Ok, what do you mean?

Lucy: I mean you're different.

Sam: But what do you mean?

Lucy: You're not like other daddies.

Sam: I'm sorry. I'm sorry. Yeah, I'm sorry.

Lucy: It's ok, daddy. It's ok. Don't be sorry. I'm lucky. Nobody else's daddy ever comes to the park.

Sam: Yeah! Yeah! Yeah, we are lucky. Aren't we lucky? Yeah!



~



Rita: Can you grasp the concept of manipulating the truth... not lying, just a little tweak here and there?

Sam: [thinks for a few seconds] No.




I am Sam mostra-nos como a vida pode ser simples e feliz sem tanto materialismo, sem a ambição e o stress desnecessário do dia-a-dia. Este é um filme que, acima de tudo, nos faz reflectir sobre a importância do amor entre pais e filhos - que está para além do dinheiro, da inteligência, da diferença.

20 de janeiro de 2008

Welcome to existence!

Fujo daquilo que me atormenta, sofro pelo medo que tenho de sofrer. Sem coragem para arriscar, sofro também porque podia tê-lo feito e não fiz. Estou em constante fuga, a todo o momento tento esconder-me daquilo que não consigo olhar de frente.


O pior é arrepender-me do que não fiz... E saber que não o fiz por medo e insegurança desnecessários.


Sofrer é inevitável - de nada serve fugir àquilo que nos faz crescer e nos fortalece. Afinal, é impossível que nos mantenhamos protegidos e intocáveis no nosso pequeno e limitado mundo. A minha imaginação, por muito fértil que seja, nunca substituirá uma palavra sincera a um amigo ou a sensação de que fiz tudo o que pude para conseguir algo.


Enquanto penso duas vezes se digo isto ou aquilo, se faço ou não, se errei, a vida passa e as oportunidades vão-se, as palavras ficam retidas e forma-se um gigantesco nó na garganta.


Viver "pela metade", resistindo aos meus sentimentos e defendendo-me dos outros como uma frágil peça de decoração não me traz a mínima felicidade. Sei que sou eu mesma a colocar entre mim e os outros, entre o meu corpo e o mundo, esta barreira que nem eu nem eles conseguem transpor totalmente. Por estar consciente das restrições que coloco ao que sinto, digo, sem pensar duas vezes, que há que mudar. Estarei finalmente a permitir-me ser feliz?







« Welcome to the planet

Welcome to existence

Everyone's here

Everybody's watching you now

Everybody waits for you now

What happens next?

I dare you to move

I dare you to lift yourself up off the floor

I dare you to move

Like today never happened

Today never happened before (...) »



I Dare You to Move,

Switchfoot

15 de janeiro de 2008



"Always reach for the moon, cause even if you miss you'll land among the stars."

Les Brown

Com um pé na terra e outro no céu.
É assim que gosto de viver, entre o real e o imaginário, entre a máscara social e a obscura autenticidade de uma sonhadora. Para o bem e para o mal, sem tirar nem pôr, assim sou e provavelmente nunca mudarei…
Talvez o sonho seja uma das coisas mais importantes na nossa vida. Talvez o sonho nos mova para agirmos conforme o que imaginamos ser ideal para nós próprios. Talvez esse seja um ideal inalcançável...

Sem esperar atingir a Lua, podemos atirar-nos às estrelas, e nessa altura talvez possamos ter a sensação inexplicável de que fomos quase perfeitos, do quão perto estivemos de tocá-la. De facto, esse é o máximo que podemos alcançar - como vêem, tenho um pé sempre assente cá em baixo.
Porque não hei-de fazer pontaria para a Lua e ter a oportunidade de estar a um passo dela? E porque não realizar todos os cálculos astronómicos possíveis para estar a um dedo dela, e contemplá-la no seu esplendor de "fruto proibido"?

Por agora, apenas coloco um dedo à frente do nariz e fecho um olho, para que esse círculo branco se aproxime de mim sem sair do lugar onde pertence.

Não vou esperar que o Peter Pan entre pela minha janela e me leve a flutuar pelo céu, mas aqui onde estou, procurarei ser o que posso, e ser o que quero.

12 de janeiro de 2008

Maravilhoso Tormento


Lovers in the Lilacs,
Marc Chagall








Quero-O... quero aquele sentimento maior que nos arrebata, que nos consome.





Anseio por aqueles dias em que sorrio constantemente sem aparente razão para tal, porque simplesmente O sinto.



Desejo a obsessão que é sentir Aquilo por alguém, esse alguém que é todo o meu universo, tudo o que vejo e sou e quero ao meu lado.



Senti-l'O é tudo o que nos preenche: é a pincelada que não completa o quadro, mas que o torna uma obra-prima imperfeita. A imperfeição desse mesmo quadro - ou sentimento - é o que faz dos Seus pequenos traços algo inesquecível, inexplicável, um maravilhoso tormento.


Mas talvez senti-l'O seja algo demasiado grandioso para mim...

10 de janeiro de 2008




~Passing Stranger~

See the sign up ahead, it calls out your name
It's a meaningful sign but it makes no sense
They saw you pass on through with only one shoe
And mystified mind with an angel for a guide

There's a destiny song that's meant for me
But I'm weary of the soles of my innocent feet
Like a single site you know it's all you've got
So be sure to aim true with your eyes on full view

There's nobody you can accuse
The mirror reflects upon truth and from inside I feel bruised
The mask that I wear is unsure
Unable to find a known cure so I hide forever more

I'm a passing stranger with a name I can't remember
I am going blind from the dust in my eyes
But the ground back home seems so far away
And I'm coughing up my lungs, but I know I've gotta stay

I'm moving slow with nowere to go
I stumble on a sign "One Mile to Dine"
It takes a little time and I'm barely alive
But I make it nonetheless with a shortage of breath

The coffee you poured me is cold
The paper I'm reading is old
And that smile is not your own

The clothes that I wear are soaked through
I'm all out of luck for you
And there's a million things I can't do
Can't do, can't do

Something strangely familiar about the way I am
I'm sitting next to the man with the unsteady hands
He says, "How are you, son, where you been all week?"
I recognize his voice even in my sleep

Lord only know is what I got up to
Maybe it's best for me if I just found my shoes
And confirm my suspicions for heaven's sake
And pick up my trail from my front gate

There's nobody you can accuse
The mirror portrays a bold truth
And from inside it's what you do

Start digging around and you'll find
Missing for years your own life
You're better off trying not to hide
Not to hide, trying not to hide.

Scott Matthews

7 de janeiro de 2008

"Rio das Flores"

Acabei de ler este fascinante romance histórico, que reflecte sobre percurso de vida escolhido por cada um, numa época de inevitável mudança, no entanto sufocada por um regime retrógrado e inconsciente da importância da liberdade.
Dois irmãos que nascem em Portugal amam-se profundamente, acabando afinal por seguir caminhos opostos, por acreditar em valores antagónicos.
Por um lado, um vive para a terra onde nasceu e aprendeu a amar as tradições, sobrepondo à liberdade a ordem e disciplina. Já outro nasce com uma inquietação constante que o leva a querer mudar tudo à sua volta, trocando pela sua pátria a terra onde encontrou o conforto da liberdade - o ar que respira.
No fundo, cada um destes irmãos procura, à sua maneira, um caminho para a felicidade, segundo os seus valores e prioridades. No fundo, nenhum deles é perfeito e nenhum deles pode ser julgado pela procura do seu horizonte, nem sempre com as melhores escolhas pelo caminho. Pode apenas dizer-se que, por terem lutado por aquilo em que acreditavam, sem se acomodarem ao conforto da sua classe social, puderam alcançar uma felicidade tranquila e genuína.

Penso que não importa saber porque duas pessoas com a mesma educação nascem com ideais tão diferentes. E será útil tentar encontrar razões para a existência de pessoas à nossa volta que são tão diferentes de nós na forma como pensam? Sim, por vezes, certos pontos de vista são para alguns inaceitáveis e para outros um ideal de vida.
Mas não será mais importante que cada um defenda aquilo a que dá mais valor - seja o amor, o trabalho, a família ou uma ideologia -, sem se afundar no desânimo nem deixar de aprender para alcançar os seus sonhos?
Quanto àqueles que, por motivos inexplicáveis, optam por fechar os olhos à sua própria humanidade e reprimir os que pensam de uma forma diferente, só posso concluir que estão irremediavelmente desligados do tempo e espaço em que vivem.

Vamos deixar voar aqueles que querem o céu?

When she's down and troubled and she needs a helping hand...

She feels lost in her own feet.

She cares about her friends,
and hopes that they don't forget who she is...
But some of them just keep disapointing her.

Some old friends, once "friends for life",
are now like passing strangers,
and worse, some of them are acting like her enemies - "Enemies??"

She thought she would never have to use that word...
She fears that this frightening word, Enemy,
might be, one day, part of her daily vocabulary,
And she trembles with that awful feeling.

The main question in this tricky matter is:
This girl just wants to be happy,
enjoying every moment with the people she loves,
to cherish and hold on tight to one second of laughter
with someone who loves her.

In her mind and her own fantasy world,
this is the beautiful simplicity of friendship...
And who are they to take away her dreams?
Who are they to destroy this (utopic?) need
to feel safe and secure with them,
to be sure
that she's never going to be let down
by someone she cared about so much?

The one thing that is sure for her
is that not everyone of them are gone.
Some people, that unexpectedly she ended up loving so much
are still there, not always, not in presence.
But when they're there, they're hers and hers only.

And she smiles because she knows they're watching her, wherever they are.

=)

5 de janeiro de 2008

Painting



"Composição n. 218", 1919
Wassily Kandinsky (1866-1944)



Para Kandinsky, as "Composições" eram o expoente máximo da pintura, por reunirem elementos tanto das "Impressões" como das "Improvisações", as outras duas categorias que este pintor atribuiu às suas obras a partir de um dado momento da sua carreira.
As Composições representavam para Kandinsky o culminar da sua visão artística, tal como as sinfonias para um compositor. Segundo ele, uma pintura era considerada uma Abstracção desde que tivesse "alma". A função suprema da Arte deveria ser a expressão do Divino, e esta ideia poderia ser melhor representada quando a "forma" se separasse da "matéria".

Tal como eu, Kandinsky era fascinado pela cor, e para além da sua obra artística, admiro-o como grande teórico da arte que foi. A relação que encontrou entre a pintura e a música é tão simples e tão verdadeira:

«a cor é o teclado, os olhos é o martelo, a alma é o piano com as cordas.»

3 de janeiro de 2008

Talvez não valha a pena!

Conclusão do dia: não sei lidar com conflitos.
Não sei... e pronto.
Sei que devia saber como fazê-lo, mas não sei e nunca soube. Sempre me deu "dores de barriga" quando discuti com alguém, e sempre tentei evitá-lo ao máximo. Por vezes, de tanto tentar evitar o confronto com alguém com quem tinha problemas, ainda tornava tudo mais difícil e doloroso.
Provavelmente ninguém compreende como é que isto pode a acontecer a alguém que já tem 17 anos e de cada vez que quer dizer o que sente e o que acha estar certo ou errado pensa milhões de vezes na melhor maneira de o fazer... Na verdade, nem eu mesma percebo tudo isto e às vezes até desejava poder dizer "Vai à merda", só de vez em quando.
Porque a dor de despejar toda a frustração e raiva do momento no outro é com certeza menor do que a dor de tentar colocar tudo numa gaveta até que já não se aguenta toda a carga acumulada. Oh, se é muito mais fácil e saudável...
Enfim, peço desculpa por não gostar de conflitos, de rivalidades, de intrigas, de boatos, de infantilidades, de amuos, de discussões, etc, etc, etc. E reconheço que por vezes estas coisas permitem que estejamos mais preparados para a competição exacerbada que teremos de enfrentar dentro de pouco tempo. bah, só esta expressão dá-me voltas ao estômago.
Talvez até toda a vida seja um conflito permanente e uma montanha-russa de obstáculos que nem sempre podemos ultrapassar sem algumas feridas.
Essa deve ser uma das aprendizagens mais importantes que terei de fazer. Talvez não valha a pena exterminar uma data de neurónios para tentar evitar uma discussão, e engolir, e remoer tudo aqui dentro, até ser atacada sem razão aparente. Talvez não valha a pena tanto martírio!
Life, oh life! turututu...

2 de janeiro de 2008

Os dias cinzentos têm destas coisas...

(1 de Janeiro)

Dias como este despertam em mim algumas mágoas que pareciam já não existir. O tempo lá fora, estranho, envolve-me e eu fico assim... sensível, triste, esquisita.
Quando tomo coragem e vou lá fora para fumar um cigarro, procuro proteger-me do vento forte que me despenteia os cabelos. Ao mesmo tempo, envolvida numa manta como num casulo, desejo que o vento leve com ele o meu desconforto, as minhas memórias, que parecem tão reais neste dia. E fecho os olhos, tentando que também a chuva contribua para alguma paz de espírito, para um mínimo de descanso mental.
Mas tal é impossível, porque não se podem mudar os dias cinzentos... e a esperança de que amanhã poderá ser um dia melhor, menos cinzento e mais caloroso, conforta-me um pouco.
É esperar por amanhã, talvez.


Isto que pensei lembra-me um excerto de uma música de Mafalda Veiga:
"A noite vem, às vezes, tão perdida
E quase nada parece bater certo
Há qualquer coisa em nós inquieta e ferida
E tudo o que era fundo fica perto.

Nem sempre o chao da alma é seguro
Nem sempre o tempo cura qualquer dor
E o sabor a fim do mar que vem do escuro
É tanta vezes o que resta do calor."

De vez em quando lá encontro um tesouro musical...



Shawn Mullins
You Mean Everything To Me


I've been on the road too long
And I've been stuck inside a song
And you know our love has been through rougher weather
But our passion's like a rose
The seasons tell it how it grows
And not much compares to the times we've shared together
'Cause love heals everything
We're no exception to the rule
You mean everything to me
So if there is anything at all
All you've got to do is call
And you know that I would
Drive 10,000 miles
Just to show you that I care
Just to kiss your honey hair
And pull you close and hold you like a child
Love heals everything
We're no exception to that rule
You mean everything
You mean everything
You mean everything to me