Vejo-me pairando no céu. Avisto as pessoas e lugares que conheço. Aqueles rostos, aqueles sítios que me são familiares, nada mais são do que simples recordações. Belas, desagradáveis, contraditórias recordações.
Entre mim e essas silhuetas distantes, entre mim e aquelas memórias tão vivas e pessoas que tão bem penso conhecer, estende-se uma neblina. Vejo-me, assim, distante, forçosamente separada daqueles acontecimentos e memórias. Mas vivo dessa e para essa paisagem que é a vida de todos. E, no entanto, muitas não consigo alcançar essa paisagem, essas pessoas.
Estar fora dela é não viver; estar nela, é um desafio constante. Estou longe porque não consigo vivê-la plenamente; estou perto porque é para a vida de quem amo que vivo e luto. É para as vidas de quem gosto que me esqueço de mim e da minha passividade.
Faço dessas vidas a minha. Porquê?
Da minha, não sei que fazer.
texto iniciado em 16 de Dezembro de 2008.
Sem comentários:
Enviar um comentário