7 de janeiro de 2008

"Rio das Flores"

Acabei de ler este fascinante romance histórico, que reflecte sobre percurso de vida escolhido por cada um, numa época de inevitável mudança, no entanto sufocada por um regime retrógrado e inconsciente da importância da liberdade.
Dois irmãos que nascem em Portugal amam-se profundamente, acabando afinal por seguir caminhos opostos, por acreditar em valores antagónicos.
Por um lado, um vive para a terra onde nasceu e aprendeu a amar as tradições, sobrepondo à liberdade a ordem e disciplina. Já outro nasce com uma inquietação constante que o leva a querer mudar tudo à sua volta, trocando pela sua pátria a terra onde encontrou o conforto da liberdade - o ar que respira.
No fundo, cada um destes irmãos procura, à sua maneira, um caminho para a felicidade, segundo os seus valores e prioridades. No fundo, nenhum deles é perfeito e nenhum deles pode ser julgado pela procura do seu horizonte, nem sempre com as melhores escolhas pelo caminho. Pode apenas dizer-se que, por terem lutado por aquilo em que acreditavam, sem se acomodarem ao conforto da sua classe social, puderam alcançar uma felicidade tranquila e genuína.

Penso que não importa saber porque duas pessoas com a mesma educação nascem com ideais tão diferentes. E será útil tentar encontrar razões para a existência de pessoas à nossa volta que são tão diferentes de nós na forma como pensam? Sim, por vezes, certos pontos de vista são para alguns inaceitáveis e para outros um ideal de vida.
Mas não será mais importante que cada um defenda aquilo a que dá mais valor - seja o amor, o trabalho, a família ou uma ideologia -, sem se afundar no desânimo nem deixar de aprender para alcançar os seus sonhos?
Quanto àqueles que, por motivos inexplicáveis, optam por fechar os olhos à sua própria humanidade e reprimir os que pensam de uma forma diferente, só posso concluir que estão irremediavelmente desligados do tempo e espaço em que vivem.

Vamos deixar voar aqueles que querem o céu?

6 comentários:

Anónimo disse...

leste o que o vasco pulido valente escreveu no publico um dia destes? ele desancou à grande esse livro, e lá justificou. eu li o artigo dele, era enorme, e realmente fiquei convencida que esse era um péssimo livro. bjs. tenho que dar o beneficio da duvida e ler esse. mas primeiro estou no memorial do convento.

Inês disse...

pois, eu sei o que o VPV disse e parece-me q ele é um bocadito invejoso, visto q o MSTavares escreve maravilhosamente e já tem dois best-sellers... para além de que cria um romance ao mesmo tempo que relata com grande rigor a história de portugal, o que não é fácil - veja-se o próprio memorial do convento!
força com o memorial, já ultrapassei esse esforço!! xD
bjinho*

Peter Sundowner disse...

Não duvidando das capacidades do nosso amigo MST, tenho que argumentar que não considero que oº de vendas seja um indicador de qualdiade.

Dito isto, não apreciei o Equador, nem li o Rio das Flores, talvez leia mas, por enquanto tenho que despachar o Pura Anarquia

Anónimo disse...

ya, já todos conhecemos o mais que batido "quantidade não significa qualidade". Para além de que, não acho que seja inveja, o vasco escreveu aquele artigo enormérrico, e não se basear apenas em inveja, acho que é mesmo uma crítica. para além de que ele próprio no final do artigo disse mesmo: sou capaz de falar sobre a escrita e o trabalho de miguel sousa tavares, mas nao o farei sobre a sua pessoa nem sobre mim. ou seja, o que está em questão é mesmo o trabalho de escrita e deixemo-nos de mesquinhices sobre invejas. beijos

Anónimo disse...

Ambos os seus livros estão muito bem escritos e lêem-se muito bem, porque ele imprime à sua escrita um ritmo enérgico.

Lá porque o artigo era enorme, não quer dizer que a crítica tivesse substância. A crítica baseava-se sobretudo na falta de rigor de alguns dados históricos, mas um romance histórico não é um livro de história: ao romance histórico é permitida uma certa liberdade histórica.

Anónimo disse...

hum, acho que sim! vosse leitor exigente tem razao, em relaçao à extensidade da critica claro, ate me contradis-se, porque quantidade nao significa qualidade. dou a razao ao leitor exigente. e à ines que gerou a discussao. beijinhus