17 de maio de 2008

Sonho de um amanhã

Tudo isto é sufoco, e esta vida uma areia movediça da qual só me posso libertar agora. Pouco falta para poder rasgar o cenário deste teatro do ridículo e soltar-me da minha personagem da cordialidade, do “fingir-que-está-tudo-óptimo”. Afinal todo o enredo é absurdo, e a minha existência neste espaço já não tem sentido.

Não pertenço aqui, e talvez nunca tenha pertencido, talvez os momentos em que me senti parte integrante deste local foram apenas fruto da minha ingénua imaginação. Partilho com outras pessoas o nervosismo pela revolução que se vai dar nas nossas vidas, mas também a felicidade de ver, cada vez mais próximo, o fim das falsidades ridículas, dos conflitos fúteis, da infantilidade cruel de tantos a quem falo por obrigação.

Suspiro, sonhadoramente, com o pensamento sempre presente de que o final de tudo isto está perto. Este sentimento entranha-se no meu peito cansado - cansado do aqui e do agora. Só ele me tem mantido de queixo levantado, só ele me dá esperança e força para estes últimos tempos em que tenho de guardar muitas verdades duras e difíceis de ignorar.

Do presente já nada me atrai, do passado já vi que pouca coisa faz sentido. Preciso, sim, de um amanhã sem conhecidos forçados ou mesquinhices que finjo não ouvir; um amanhã em que me depare com o desconhecido fantástico e com a honestidade de quem nada precisa de esconder.

1 comentário:

Anónimo disse...

todos sonhamos com um amanhã.
mas quando é que o amanhã tão desejado realmente acontece? na mudança de mais um ciclo? e de outro? e mais outro? quantos "amanhãs" já pensaste serem o último amanhã?
se calhar, em vez de procurarmos um amanha, deveríamos dar valor ao que hoje temos, que nos faz um pouco mais felizes...
um café com um amigo, talvez? pelo menos, enquanto se espera que as circunstâncias em que vivemos mudem...