20 de fevereiro de 2008

Hit the road.



Ela caminha sem destino, sem qualquer noção do ponto de chegada.
O único ponto de referência? - Apenas a dor aguda de saber o que já não tem.
Caminha, sem saber onde está ou como foi ali parar.


Há um tempo atrás, ficaria parada, imóvel, aterrada. Sem ninguém que a acompanhasse, ninguém que a compreendesse, de que valia andar sem rumo? De que serviria continuar a andar, se dar um simples passo era tão doloroso?


Com o passar dos dias, os seus sentidos despertaram, até que a luz de saber quem era iluminou aquela estrada.
E descobriu a delícia de caminhar, somente caminhar.


Todos os deambulantes desconhecidos que encontrasse, daí em diante, seriam bem-vindos a acompanhá-la. Porque não aceitar a mão mágica do destino, que a presenteava com estas amizades súbitas?


Inevitavelmente, alguns dias eram mais sombrios do que outros, e a dor daquelas ausências nunca cessou. Ainda persiste, viva na sua memória e marcada no caminho que ela percorre.
No entanto, os espaços vazios têm sido, a pouco e pouco, preenchidos com novas vidas, que são agora a resistência das suas pernas e o fôlego dos seus pulmões.
E à medida que caminham - ela e os que vão chegando e ficando -, vão experimentando o prazer de andar lado a lado, recordando o que já foi e o que poderá vir a ser.

1 comentário:

Anónimo disse...
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