10 de março de 2008

pequenez


Ainda tenho o céu. Ainda tenho esse refúgio, essa libertação, essa beleza intocável -- mesmo para os mais poderosos homens.
Ainda tenho o mar. Esse, já um tanto ou quanto danificado por mãos humanas, resiste ainda, belo, altivo e infinito aos meus olhos.
E sim, por vezes apenas me basta saber que os tenho, que os posso contemplar e guardar para mim na memória ou numa fotografia. Tenho ainda, ao vê-los, uma hipótese de fuga a tudo o que é maldade, ambição, obsessão, a todas as falhas humanas.
O céu e o mar nada têm disto, porque nada disso é necessário. Nenhuma destas coisas é benéfica, pelo menos para mim e para outros que (ainda) não se alimentam e vivem destes males, destas coisas pequenas e insignificantemente humanas.
E por isso refugio-me, encontro-me, completa e mortal, no céu e no mar. Mesmo sem os tocar, apercebo-me e aprecio a minha própria pequenez, a Nossa pequenez de alma, que de nada vale face às forças da Natureza.

Sem comentários: